Em estudo experimental, cientistas demonstraram que o citomegalovírus (CMV), na verdade, fortalece o sistema imunológico ao invés de enfraquecer as defesas do organismo. Similar ao vírus da herpes, o CMV tem o poder de ficar latente e, por isso, consegue ativar constantemente as defesas do organismo — que fica mais resistente a novas infecções.
O estudo foi publicado no PNAs (Proceedings of National Academy of Sciences) e teve como um dos autores Janko Nikolich-Zugich, co-diretor do Centro de Envelhecimento da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos.
Cientistas acreditam que a descoberta possibilite a criação de uma vacina para proteger idosos de infecções — já que o sistema imunológico tende a ficar mais debilitado com a idade. Por esse motivo, por exemplo, pessoas acima de 60 têm prioridade para receber a imunização contra a gripe.
O que os pesquisadores descobriram agora é que essa debilidade pode ser modificada. O sistema imune tem potencial para voltar a ficar em alerta, se ativado adequadamente.
O que é o citomegalovírus (CMV)
Do mesmo grupo do vírus da herpes, o CMV fica latente no organismo e, na maioria dos casos, não provoca sintomas |
Quando ativo, provoca febre, inchaço na barriga e dores, dor de garganta e cansaço excessivo. Não há cura. |
Na gestação, a infecção pode deflagrar casos graves em fetos (microcefalia, deficiência mental, paralisia e convulsões) |
Vírus ajuda sistema a recrutar células de defesa
Para chegar a essa conclusão sobre o CMV, o grupo de Nikolich–Zugich fez um experimento em camundongos. Parte das cobaias foi infectada com o citomegalovírus — e parte não.
Dentre os resultados, cientistas observaram que os camundongos com CMV recrutavam mais facilmente as células T para lutar contra infecções as quais foram expostos durante o estudo.
“Ficamos completamente surpresos; esperávamos que esses ratos [com CMV] ficassem em pior situação após a exposição a infecções” diz Megan Smithey, pesquisadora da Universidade do Arizona, em nota.
“Mas eles tiveram uma resposta mais eficaz.”
Os cientistas acreditavam que, por não ter cura, o CMV consumia recursos do organismo — que ficava constantemente debilitado com a presença do vírus. Com o estudo em camundongos, no entanto, o contrário foi observado: o sistema imune se fortalece.
“Nós assumimos que o vírus tornaria os ratos mais vulneráveis a outras infecções. O CMV estava consumindo recursos e mantendo o sistema imunológico ocupado”, disse Smithey.
Pesquisadores planejam continuar estudos com o CMV para ver de que maneira exatamente o vírus CMV atua no sistema imunológico.
Com o estudo em humanos, cientistas esperam desenvolver uma vacina que possa ser aplicada em idosos para o combate de todas as infecções, afirmam os pesquisadores.
Fonte: g1.globo.com/bemestar/